quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Antonino Pio: o imperador esquecido


O maior imperador romano, para mim, não foi Augusto ou Trajano e sim Antonino Pio. Antonino Pio não é muito conhecido porque não foi um ditador notório, um grande conquistador (como Júlio César, Augusto e Trajano) ou um governande insano (como Tibério no final da vida, Calígula, Nero, Domiciano e Cômodo).

Os imperadores romanos são, muitas vezes, tidos como tiranos, mas Antonino estava longe disso. Ele foi um administrador hábil, retraído que evitava conscenciosamente o luxo e o desperdício e acreditava nas regras da lei. Teve uma equipe de especialistas em leis que o guiaram na revisão da legislação romana e lhe é creditado o princípio de que todo o homem deve ser considerado inocente até prova em contrário.


Tito Aurélio Fulvio Boionio Antonino nasceu em Lanúvio, em 19 de setembro de 86. Sua família era natural de Nîmes, na Gália Narbonense, mas seu avô e seu pai haviam ambos sido cônsules em Roma. O próprio Antoninus ocupou o consulado no ano 130 e foi posteriormente nomeado quatuórviro (um posto judiciário) na Etrúria e na Úmbria, antes de ser governador da Ásia (133/136). Em 25 de fevereiro de 138 ele foi adotado pelo imperador Adriano como filho e sucessor, recebeu poder tribunício e imperium proconsular; quando Adriano morreu, em 10 de junho do mesmo ano, Antonino tornou-se imperador. Antoninus já era casado com Faustina I, antes de ser adotado por Adriano, onde tiveram 4 filhos, e três deles morreram, tendo sobrevivido sómente Faustina II.


Um dos seus primeiros atos foi conseguir do Senado - que se ressentira de Adriano nos últimos anos - a deificação de seu predecessor e a ratificação de seus atos. Conseguiu isso prometendo abolir os juízes itinerantes italianos (quatuórviros) instituídos por Adriano. O Senado conferiu a Antonino o título de "Pius" como reconhecimento de seu senso de dever em relação a seu pai. No ano seguinte (139) recebeu também o título de "Pai da Pátria" (Pater Patriae). Conseguiu manter boas relações com o Senado durante todo o seu reinado, principalmente graças a seu ato, pois os poderes e as responsabilidades dos senadores não foram aumentados em nada. Na realidade, a burocracia tornou-se mais dinâmica e Antonino reservara para seu conselho privado todas as decisões sobre os assuntos de importância. Em 140 d.C., sua esposa Faustina I morreu. Ele emitiu uma série comemorativa de moedas, a maior cunhagem da história romana, e também construiu o Templo de Faustina.

Aliás, diferente da maioria dos imperadores romanos, Antonino amava loucamente sua mulher. Um dos mais bem preservados monumentos do Fórum, em Roma, é o Templo de Antonino e Faustina, que foi construído em 141 A.C., em honra de sua esposa. Foi depois dedicado ao imperador na data de sua morte, em 161.


O reinado de Antonino, em sua maior parte, foi um período de paz e prosperidade. Ele não era extravagante (parece ter deixado seiscentos e setenta e cinco milhões de denárius no Tesouro ao morrer), mas apoiou a construção de edifícios, principalmente na Itália. Ocorreram desordens em algumas províncias. Na Bretanha foi construída uma muralha de turfa (a Muralha de Antonino) entre os estuários do Forth e do Clyde; a muralha começou a ser construída em 143, depois de dois anos de lutas sérias. Acontecimentos importantes continuaram a ocorrer na fronteira do Reno. As províncias da África foram pertubadas pelo aumento do banditismo, que culminou na revolta da Mauritânia (145/150). Houve revoltas na Dácia e problemas no limite oriental das fronteiras do Danúbio. Nos últimos anos do reinado de Antonino, houve ameaças de uma séria guerra com os Partos (povo que vivia em guerra com Roma desde a época de Augusto) e Antonino conseguiu fazer a paz com as várias tribos dos Partos (o que nenhum dos seus predecessores conseguiu).


Antoninus morreu em 7 de março de 161, em Lório (Etrúria), e seus restos mortais transladados para o Mausoléu de Adriano, em Roma. Os principais monumentos construídos por ele em Roma foram o Templo de Antoninus e Faustina, no Fórum, e uma coluna comemorativa, originalmente localizada no Campo de Marte.

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