terça-feira, 26 de agosto de 2008

Luciano Pavarotti (1935 - 2007) cantando "Ah, mes amis" da "La Fille du Regiment" de Gaetano Donizetti

O Tenor: Luciano Pavarotti (1935 - 2007) tenor italiano que ficou famoso por interpretar árias famosas como "Nessun Dorma" (da Turandot, de Giacomo Puccini) e canções napolitanas como "O Sole mio". Essa fama decorre essencialmente do seu carisma, do grande aparato publicitário que envolve sua imagem, da sua bela voz, e das grandes interpretações que ele fez nas décadas de 60 e 70. É certo que sua popularidade aumentou significativamente depois do grande sucesso da série de shows conhecida como "3 tenors in concert" que ele fez juntamente com Plácido Domingo e José Carreras em 1990 (em Roma, nas Termas de Caracala), em 1994 e em 1998, geralmente nas vésperas das finais das Copas do Mundo.

Mas, para os fãs da ópera as melhores interpretações do Pavarotti não são as canções napolitanas ou "Nessun Dorma". O grande tenor de Módena ficou famoso no mundo da ópera por seus papéis em óperas do belcanto italiano ou no repertório de tenor lírico. O tenor iniciou sua carreira em 1961, como Rodolfo na ópera La Bohéme de Puccini. Em 1963, fez seu "debut" internacional substituindo um dos seus ídolos, o tenor Giuseppe Di Stefano, na mesma La Bohéme no Covent Garnden em Londres. Sua carreira recebeu um grande empurrão quando passou a se apresentar com a magnífica soprano australiana Joan Sutherland (uma das grandes divas da segunda metade do século XX). Foram essas interpretações que deram a Pavarotti a fama que ele tem hoje. Depois, ele passou a cantar repertório mais pesado (inapropriado para a sua voz), mas sua fama passou a crecer vertiginosamente perante o grande público.

Um dos momentos mais importantes da carreira do Pavarotti foi quando cantou junto com Joan Sutherland a ópera "La Fille du Regiment" de Gaetano Donizetti, especialmente a ária "Ah, mes amis". Luciano Pavarotti ganhou o aplauso da crítica e das exigentes platéias de ópera quando cantou, precisa e perfeitamente, os nove difícies dós agudos (Dó5, o conhecido "dó de peito" ou o "high C" dos norte-americanos) da ária. Esse fato deu a ele o respeito dos crítidos e de todos aqueles que o consideravam como um tenor mediano. Foi essa ária que lançou Pavarotti ao sucesso internacional em 17 de fevereiro de 1972, numa apresentação do Metropolitan Ópera. Ele voltou ao palco dezessete vezes para receber aplausos depois de atingir os dós agudos sem demonstrar esforço algum.

Futuramente irei postar mais detalhes sobre a vida dele. Mas aqui tem um interessante resumo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Luciano_Pavarotti

O Compositor: Gaetano Donizetti (1797 - 1848), filho de um responsável de uma loja de penhores e de uma costureira, nasceu e morreu em Bergamo, Itália, como muitos de seus personagens, vítima da loucura. Donizetti adicionou uma urgência dramática, especialmente nos diálogos, aos estilo barroco antigo, conhecido como bel canto (caracterizado por linhas vocais longas e floreadas), que abriu caminho para Verdi e o verismo. Era fundamentalmente um melodista, como seus colegas Rossini e Bellini. Como resultado de sua admiração pelos mestres clássicos, Haydn e Mozart, desenvolveu um ouvido afiado para a orquestração - recatado, mas sensível - e para a formação dramática de peças com arranjo para diversas vozes e instrumentos junto com linhas sinfônicas. Extraordinariamente prolífico, Donizetti normalmente exigia demais de si mesmo, tentando não ficar para trás com as várias solicitações dos teatros líricos. Embora tenha composto um grande número de óperas, estimado em 70 obras, a constância e o vigor de sua inspiração lírica camuflam o fato de que muitas das suas criações eram feitas sob encomenda. A construção das cenas de Donizetti baseia-se em uma fórmula, mas uma fórmula que funciona e que ele preencheu com uma vida profunda e palpitante que, com freqüência, torna os personagens de seu repertório críveis.

Até o renascimento do bel canto, que se seguiu à II Guerra Mundial, Donizetti era conhecido principalmente como o compositor de uma tragédia, Lucia di Lammermoor, e uma comédia L'Elisir d'Amore (O elixir do amor). Atualmente estas obras são freqüentemente acompanhadas no repertório por outras de suas óperas, tanto sérias como cômicas. As tendências da categoria anterior para os assuntos pseudo-históricos, tão em voga naquela época, e a remota Inglaterra exerciam um fascínio especial sobre Donizetti: Anna Bolena, Maria St e Roberto Devereux, todos retratavam governantes ingleses e Elizabeth I aparece em duas de suas obras. Lucrezia Borgia, montada na Itália e La Favorita, montada na Espanha, deram um maior prosseguimento ao ficcionismo de pessoas que realmente existiram, um esporte popularizado por Sir Walter Scott, autor da novela A Noiva de Lammermoor, fonte de inspiração de Lucia.

A Ópera:

Personagens:
Marie (soprano) – A filha adotada pelo 21º regimento do exército francês. Ela está apaixonada por Tônio.
Marquesa de Berkenfield (soprano) – Um parente inesperado de Marie; ela deseja que Marie se case com um rico nobre alemão.
Duquesa de Krankentorp (soprano) – Mãe de um nobre alemão, o prometido de Marie.
Tônio (tenor) – Alistou-se no 21º regimento porque se apaixonou por Marie depois de evitar que ela caísse numa ravina.
Sargento Sulpice (baixo) – Sargento do exército francês, ele acolheu Marie no regimento, porém depois descobriu que ela é parente da Marquesa.
Hortênsio (baixo) – Mordomo da Marquesa.

Sinopse:
PRIMEIRO ATO. As montanhas tirolesas. Em caminho à Áustria, a amedrontada Marquesa de Berkenfield e seu mordomo, Hortênsio, interrompem sua jornada por causa de uma contenda. Quando a Marquesa escuta dos aldeãos que as tropas francesas bateram em retirada, ela critica a indelicadeza do povo francês. (“Pour une femme de mon nom”). O sargento do 21º regimento, Sulpice, assegura à todos que seus homens restaurarão a paz e ordem. Ele vem acompanhado de Marie, a mascote ou “filha” do regimento, adotada pelo sargento quando ainda era uma criança órfã. Quando Sulpice a questiona sobre um jovem com quem ela foi vista, ela conta que ele é um tirolês que certa vez salvou sua vida. Tropas do 21º regimento chegam com um prisioneiro: o mesmo Tônio que diz estar procurando por Marie. Ela entra e o salva. E enquanto ele celebra suas novas amizades, Marie canta o hino regimentar (“Chacun le sait”). Os soldados ordenam que Tônio os siga, mas ele escapa e regressa para declarar seu amor à Marie. Sulpice os surpreende e Marie precisa admitir para Tônio que ela somente pode se casar com um soldado do 21º regimento.

A marquesa de Berkenfield pede a Sulpice uma escolta para regressar a seu castelo. Ao escutar o nome Berkenfield, Sulpice lembra-se de uma carta que encontrou próximo à jovem Marie no campo de batalha. A Marquesa acaba admitindo ter conhecido o pai da garota e diz que Marie é a filha, há muito desaparecida, de sua irmã. A criança foi deixada aos cuidados da Marquesa, mas foi perdida. Chocada com a falta de fineza da garota, a Marquesa está determinada a dar uma educação apropriada à sua sobrinha e levá-la de volta ao castelo. Tônio se alista no exército para poder casar-se com Marie (“Ah, mes amis”). Mas ela deve deixar ambos o regimento e o homem a quem ama (“Il faut partir”).

SEGUNDO ATO. O castelo de Berkenfield. A Marquesa arranjou um casamento entre Marie e o Duque de Krakenthorp. Sulpice também está no castelo, recuperando-se de uma ferida, e deveria estar ajudando a Marquesa com seus planos. A Marquesa dá à Marie uma classe de canto, acompanhando-a no piano. Encorajada pelo Sulpice, Marie enfia frases do hino regimentar e a Marquesa fica de mau-humor (trio: “Le jour naissait dans la bocage”). Deixada à sós, Marie reflete sobre a insignificância do dinheiro e posição social (“Par le rang et l’opulence”). Ela escuta
soldados marchando à distância e fica feliz uma vez que todo o regimento marcha salão adentro. Tônio, Marie e Sulpice se reencontram. Tônio pede a mão de Marie. A Marquesa não se comove com a declaração do rapaz de que Marie é sua vida (“Pour me rapprocher de Marie”). Ela diz que sua sobrinha está comprometida à outro homem e dispensa a Tônio. A sós com Sulpice, a Marquesa confessa a verdade: Marie é sua própria filha ilegítima, a qual ela abandonou temendo desgraça social.

Hortênsio anuncia a chegada do cortejo de casamento, liderado pela mãe do noivo, a Duquesa de Krakenthorp. Marie se nega sair de seu quarto, mas Sulpice lhe revela que a Marquesa é sua mãe. Surpresa, a garota declara que não pode ir de encontro aos desejos de sua mãe e concorda em casar-se com um homem que não ama. Quando está prestes à assinar a licença de casamento, os soldados do 21º regimento, liderados por Tônio, invadem o recinto para resgatar sua “filha”. Os convidados ficam horrorizados ao descobrir que Marie era uma cantineira, mas mudam de opinião quando ela lhes revela que nunca poderia pagar a dívida que tem com os soldados. A Marquesa fica tão enternecida pela pureza do coração de sua filha que lhe concede permissão para casar-se com Tônio. Todos juntos celebram cantando “Salut à France”.

A ária: "La Fille du Régiment" é uma conhecida vitrina para verdadeiros atletas vocais. A ária de Tônio, “Ah! Mes amis!” contém nove dós na quinta oitava e é comumente conhecida entre tenores como o Monte Everest do bel canto.

Eis o video da ária (infelizmente só o áudio):

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